Parece
que agora virou moda dizer que é gay. Mas a coisa não é bem assim. Antes de
tudo, você tem que entender que se assumir irá acarretar mil mudanças em sua
vida, tudo bem que algumas serão para melhor, mas outras serão para pior. No
entanto, o importante é ser feliz com você mesmo. A última celebridade a se
assumir gay foi o cantor porto riquenho Rick Martin. Ele está aliviado e feliz
com tudo, só que você não é Rick Martin, eu não sou o Rick Martin, por isso
antes de se assumir gay, vamos lhe dar 10 dicas importantes. Está pronto?
01 Você está seguro que é
homossexual?
Se
você ainda está confuso, se tem dúvidas se é mesmo gay ou lésbica, é melhor dar
mais tempo, pois a confusão de sua cabeça pode provocar confusão ainda maior na
cabeça das outras pessoas, sobretudo em sua família. Nunca assuma sua
homossexualidade como forma de agressão ou vingança, num momento de raiva. Uma
decisão tão importante tem de ser bem planejada.
02 Como se assumir?
Primeiro
faça amizade com algum gay ou lésbica já assumidos. Troque idéias com outros
homossexuais como eles vivem, como se assumiram, das vantagens de deixar de ser
enrustido. Frequente um pouco o ambiente homo para ver com qual dos diversos
modelos de vivência gay e lésbica você se identifica mais. Procure fazer boas amizades,
pois diz o ditado popular: “diz-me com quem andas que direi quem és...” “Não
faça nada de que vá se arrepender mais tarde”. “Para mim, a homossexualidade
foi uma bênção”, dizia o escritor Jean Genet. Depende de você fazer de seu
futuro enquanto homossexual uma bênção ou uma desgraça.
03 Você se sente satisfeito
com seu homoerotismo?
Se
ainda tem sentimentos de culpa, se acha que está errado, que a tua forma de
amar é pecado e se tem períodos de depressão, é melhor resolver primeiro estes
problemas, assumir-se mais em outros ambientes antes de abrir o jogo com a
família. Para enfrentar esta barra, você precisa estar muito seguro e ter uma
auto imagem bem positiva de sua própria homossexualidade. Auto estima é
indispensável para ser feliz.
04 Você conta com o apoio de
alguém?
É
fundamental que você conte com a compreensão de algum parente ou amigo próximo
da família, que possa acalmar seus pais se a reação deles for devastadora. Esta
pessoa é também importante para dar-lhe apoio emocional para enfrentar essa
nova situação de vida. Discutam todos os detalhes, as reações previsíveis de
ambas as partes, e se achar prudente, esteja com esta pessoa amiga por perto no
momento da revelação.
05 Você tem bons argumentos
sobre a homossexualidade?
Isso
é muito importante, pois a maioria das pessoas, inclusive nossos parentes, têm
medo ou ódio dos homossexuais (assim como têm preconceito racial) porque nunca
souberam a verdade sobre esses temas. Você deve ter as respostas certas para
substituir a ignorância do preconceito pela verdade dos fatos. Peça ao Grupo
Gay da Bahia os folhetos: “10 verdades sobre a homossexualidade” e “O que todo Cristão deve saber sobre homossexualidade”, onde encontrará respostas para as
principais dúvidas/críticas sobre sua nova vida.
06 Qual o melhor momento de
revelar que é homossexual?
Se
você avalia que sua família poderá ficar muito abalada ou que talvez não
aceitarão sua opção homossexual, infelizmente, é melhor continuar “fingindo que
não é, e eles fingindo que não sabem”. Se você acha que eles primeiro vão
condenar, depois vão aceitar, escolha então uma ocasião em que a família
estiver tranquila, sem doenças graves ou mortes próximas. O importante é
demonstrar que a única coisa que vai mudar no relacionamento familiar a partir
de agora, é que você deixará de viver na clandestinidade, continuando a mesma
vidinha de amor e respeito como antes da revelação. Tranquilize-os que você não
viverá de escândalos, nem de prostituição e que sabe como se cuidar contra a
AIDS.
07 Você depende de sua
família?
Se
você é jovem e depende dos pais, talvez seja melhor esperar para se assumir
quanto tiver seu próprio salário e moradia independente. Contudo, caso decida
abrir o jogo ainda morando com sua família, não aceite de forma alguma que eles
o expulsem de casa ou imponham qualquer castigo ou repressão. Você não pediu
para nascer, homossexualidade não é crime nem doença e você deve exigir que
seja respeitado. Afinal, se alguém está errado não é você e sim que discrimina
os gays e lésbicas. Nestes casos, dramatize a situação, lembrando que famílias
que rejeitam seus filhos homossexuais, estão empurrando estes jovens para a
marginalidade e prostituição, e que expulso de casa você corre muito maior
risco de contrair HIV, etc.
08 Seja paciente?
Se
teus pais são muito conservadores e moralistas, e se não desconfiavam de nada,
certamente precisarão de mais tempo para se acostumarem com a ideia de ter um
filho gay ou uma filha lésbica. Isto pode levar meses ou até anos. Se para você
é muito importante manter bom relacionamento com a família, então além de ser
paciente, evite qualquer conversa ou atitude que possa aumentar a vergonha ou
raiva que passaram a sentir pôr você. Não entre em detalhes sobre sua vida íntima, só leve algum amigo ou amiga homossexual à sua casa se tiver certeza
que ajudará os velhos a te aceitarem melhor.
09 Família às vezes é melhor
na fotografia!
Lembre-se
que família não é apenas ter o mesmo sangue. Ninguém escolhe a família que tem,
mas amigo, sim a gente pode escolher. Se sua família recusa-se, mesmo depois de
muitas tentativas e paciência de sua parte, a te aceitar e te amar como gay ou
lésbica, não abra mão de sua realização e felicidade pessoal para agradar aos
parentes. Quem está errado não é você, são eles que devem mudar, portanto, se
não te aceitam como você é, construa novos laços de amizade, amor e
compreensão. Cortar o cordão umbilical ou livrar-se da barra da saia materna,
no início pode ser duro e difícil, mas é o primeiro passo de uma vida mais
autêntica e feliz. Também não cuspa no prato que comeu, e se puder manter bom
contato com seus pais, irmãos e demais parentes, já tem um bando de aliados
para enfrentar a intolerância fora de casa.
10 É legal ser homossexual?
Todo
mundo nasceu para ser feliz. É preciso ter muita coragem para enfrentar a barra
de ser gay ou lésbica neste país onde a maioria das pessoas ainda considera o
homossexual como um ser inferior. Vale a pena insistir: nós é que estamos
certos, os homófobos, aqueles que criticam os homossexuais estão errados. A
história está do nosso lado, e os países mais civilizados, onde os gays,
lésbicas e travestis são respeitados como cidadãos, dão o exemplo que é melhor
conviver e respeitar a pluralidade do que marginalizar as “minorias”. Se você
sente amor, paixão, gozo e tesão pôr pessoas do mesmo sexo, saiba que não está
sozinho: mais de 10% da humanidade é igual a você. Em cada 4 famílias, numa tem
um homossexual. E para te dar mais segurança e calar a boca dos intolerantes,
não se esqueça de citar nossos heróis, que como você, praticaram o “amor que
não ousava dizer o nome”, entre eles Miguel Ângelo, Shakespeare, Oscar Wilde,
Salfo, Imperatriz Leopoldinda, Martina Navratilova, James Dean, Gilberto
Freyre, Angela Rorô, Fernando Pessoa, Mazzaropi, Sócrates, Luiz Mott, Toni
Reis, David Harand, Raimundo Pereira, Richard Parker, Leila Miccolis, MacRae,
Herbert Daniel, Paulo Bomfim, Wellington Andrade, Jane Pantel, Glauco Matoso,
Trevisan, Perlongher, Veriano Terto Júnior, Claudio Nascimento, Rosangela
Castro, Guilherme Araujo, e muitos outros homens e mulheres que você conhecer
que com garra, luta, sensibilidade nos ajudaram e ajudam a construir nossa
história e luta pela visibilidade, direitos e cidadania. Mire-se nesses
exemplos.
Texto
retirado da revista Q! Edição nº 02| Maio de 2010
Adorei as dicas.
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